29 de dezembro de 2008

Sadomasoquismo

Vejo a dor como uma forma de ser mais forte Sinto, e cada vez mais que sinto menos me incomoda Para quem suporta a dor o que seria a morte Neste mundo em que o suicídio virou moda? Olhar para meu sangue e ver tristeza Se eu amo a dor, então porque morrer? Morta não vou poder ver essa beleza E é na vida que eu sofrer Minha própria morte sou em quem busco Em vez de deixá-la vir até mim A minha paz mora no sepulcro Mas se a dor me excita não será esse meu fim Então para chorar e me encontrar na dor Vou ficar mais um pouco pra ver se ela persiste Como pode meu ódio ser amor Não é insanidade querer ser triste? Se meu ódio é amor eu odeio o sofrimento Só um louco pode entender o que diz um outro louco Se um lúcido conseguir entender o meu lamento Ou ele é louco, ou eu sou lúcida, nem que seja um pouco Mas pode um lúcido sofrer tanto como eu? É loucura ter sangue ou loucura é desejá-lo? Seja o que for o sangue é meu Ninguém vai me impedir de derramá-lo Nem eu mesma comprendo o que eu digo Porque é nos túmulos que eu encontro a paz Mas não é exatamente a paz que eu sigo Eu quero lágrimas cada vez mais Se minha felicidade é o cemitério E é dessa felicidade que eu tento fugir Agora entendi meu desejo funéreo Se a paz me traz tristeza é no cemitério que eu devo ir Amigos já não existem, porque eles sempre tentam me fazer mudar Mudar por eles? Mudar por quem? Essa tentativa vai ser em vão Se me vendo assim eles vão chorar Dor de qualquer tipo só me causa obsessão Quanto mais a vejo, mais me alucina Sou morbidamente presa ao meu egoísmo Tudo que é fúnebre me fascina Seria esse o tal goticismo? Dentro de mim há uma fábrica Que produz mágoa mesmo que não exista Por gostar de ver dor sou sádica Por gostar de sentí-la, sou masoquista.

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